O El Niño é o maior fenômeno climático global, causado pelo aquecimento das águas do Pacífico além do normal e pela redução dos ventos alísios na região equatorial.
Esta onda de calor no mar chama-se El Niño — O Menino Jesus — porque aparece normalmente na época do Natal. Esse fenômeno geralmente causa bastantes impactos nos climas das regiões equatoriais pois, o enfraquecimento dos ventos alísios que sopram de leste para oeste, provoca mudanças nas correntes atmosféricas que irão acarretar em precipitações e secas anormais em diversas partes do globo, além de aumento ou queda de temperatura, também anormais.
Com tudo, o El Niño aparece a intervalos irregulares, às vezes de dois em dois anos, às vezes de dez em dez anos. Vários cientistas acreditam que a interferência humana na atmosfera tem culpa nessa alteração. Outra teoria, recentemente anunciada, afirma que o aquecimento das águas do Pacífico é causado pelo calor do magma vulcânico liberado no fundo desse oceano.
O fenômeno de 1982 foi um dos piores e coincidiu com vastas mudanças na circulação global da atmosfera. Formaram-se tempestades torrenciais em zonas do Equador, do Brasil e do Peru. Nos EUA, houve enormes tempestades e chuvas ao longo da costa da Califórnia, causando enormes prejuízos, além de levar secas e fome para Indonésia, Índia e Austrália.
As principais consequências de El Niño hoje são: a alteração da vida marinha na costa oeste dos EUA e do Canadá e no litoral do Peru; o aumento de chuvas no sul da América do Sul e sudeste dos EUA; secas no Nordeste brasileiro, centro da África, Sudeste Asiático e América Central e tempestades tropicais no centro do Pacífico.
No Brasil seus principais impactos são:
– Secas na região norte, aumentando a incidência de queimadas;
– Precipitações abundantes na região sul, principalmente nos períodos de maio a julho e aumento da temperatura;
– Aumento da temperatura na região sudeste, mas sem mudanças características nas precipitações;
– Secas severas no Nordeste;
– E tendência de chuvas acima da média e temperaturas mais altas na região centro-oeste.
Entendendo o El Niño
Durante um ano “normal”, ou seja, sem a existência do fenômeno El Niño, os ventos alísios sopram no sentido Leste-Oeste através do Oceano Pacífico tropical, originando um excesso de água no Pacífico ocidental, de tal modo que a superfície do mar é cerca de meio metro mais alta nas costas da Indonésia que no Equador. Isto provoca a ressurgência de águas profundas, mais frias e carregadas de nutrientes na costa ocidental da América do Sul, que alimentam o ecossistema marinho, promovendo imensas populações de peixes – a pescaria de anchoveta no Chile e Peru já foi a maior do mundo, com uma captura superior a 12 milhões de toneladas por ano.
Então, na região de águas mais quentes ocorre a evaporação mais rápida da água e a formação de nuvens. Para isso, ou seja, para formar as nuvens, o ar quente sobe ao mesmo tempo em que o ar mais frio desce na região oposta, formando o fenômeno que os meteorologistas chamam de “célula de circulação de Walker”. A ocorrência deste outro fenômeno forma outro, conhecido como “ressurgência”, ou, afloramento das águas frias do oceano à superfície, dando continuidade ao ciclo.
Quando acontece um El Niño, que ocorre irregularmente, os ventos sopram com menos força em todo o centro do Oceano Pacífico, resultando numa diminuição da ressurgência de águas profundas e na acumulação de água mais quente que o normal na costa oeste da América do Sul e, consequentemente, na diminuição da produtividade primária e das populações de peixe.