O intuito é padronizar métodos e validar resultados para a indústria. Inmetro faz parte da Comissão que traduziu o documento
Foi publicada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a primeira norma brasileira sobre caracterização de grafeno (ABNT ISO/TS 21356-1), um dos materiais mais pesquisados do mundo e com impacto em diversos setores da indústria.
De acordo com Erlon Ferreira, pesquisador da Divisão de Metrologia de Materiais, do Inmetro, a publicação da norma nacional representa um importante avanço, pois hoje existem barreiras à comercialização que impedem o avanço dos produtos que contêm o grafeno e que precisam ser superadas, por meio de protocolos de medição confiáveis. Normas como esta são imprescindíveis para que o grafeno possa ser utilizado como aditivo em produtos industriais como compósitos, materiais híbridos, estruturas da construção civil, tintas e revestimentos, entre outros.
“A norma brasileira é uma adoção idêntica da publicação internacional, a qual foi elaborada com a colaboração de mais de 30 países, incluindo o Brasil, dentro do ISO/TC 229 – Nanotechnologies. O Inmetro participou ativamente deste processo, e publicou recentemente um artigo na Nature Review Physics, uma das publicações mais importantes da área científica, destacando a importância dessa norma ISO”, disse o Inmetro em sua publicação.
O grafeno é uma das formas cristalinas do carbono, assim como o diamante, o grafite, os nanotubos de carbono e fulerenos. O termo grafeno foi proposto como uma combinação de grafite e o sufixo -eno por Hanns-Peter Boehm. Foi ele quem descreveu as folhas de carbono em 1962.
Sobre O grafeno
Quando de alta qualidade, costuma ser muito forte, leve, quase transparente, um excelente condutor de calor e eletricidade. É o material mais forte já encontrado, consistindo em uma folha plana de átomos de carbono densamente compactados em uma grade de duas dimensões. É um ingrediente para materiais de grafite de outras dimensões, como fulerenos 0D, nanotubos 1D ou grafite 3D.
Basicamente, o grafeno é um material constituído por uma camada extremamente fina de grafite, com a diferença de que possui uma estrutura hexagonal cujos átomos individuais estão distribuídos, gerando uma fina camada de carbono. Na prática, o grafeno é o material mais forte, mais leve e mais fino (espessura de um átomo) que existe. Para se ter ideia, 3 milhões de camadas de grafeno empilhadas têm altura de apenas 1 milímetro. A espessura do grafeno, é razoável considerar como 0,34 nm. Teoricamente seria superado, em resistência e dureza, pelo carbono acetilênico linear (carbino).
Novas aplicações
Mais recentemente, empresas de semicondutores realizaram testes a fim de substituir o silício pelo grafeno devido à sua altíssima eficiência em comparação ao silício.
Em teoria, um processador, ou até mesmo um circuito integrado, poderia chegar a mais de 500 GHz. O silício, por sua vez, trabalha abaixo de 5 GHz. O uso de grafeno proporcionaria equipamentos cada vez mais compactos, rápidos e eficientes, mas o grafeno é tão bom condutor que ainda não se sabe como fazer com que pare de conduzir, formando assim o sistema binário.
Um grupo de cientistas chineses, liderados por Qunweu Tang, Xiaopeng Wang, Peishi Yang e Benlin He, desenvolveu uma placa fotovoltaica que é capaz de produzir energia a partir dos raios solares e também pelas gotas de chuva, sendo eficiente independente das condições climáticas, graças ao grafeno.
Os trabalhos revolucionários sobre o grafeno valeram o Nobel da Física de 2010 ao cientista russo-britânico Konstantin Novoselov e ao cientista neerlandês nascido na Rússia Andre Geim, ambos da Universidade de Manchester.
Uma das aplicações mais recentes do grafeno foi a criação em laboratório de supercapacitores, que podem ser utilizados em baterias e carregam mil vezes mais rápido que as baterias de hoje em dia.
Inmetro é pioneiro em pesquisas no Brasil
Uma rápida busca pela palavra grafeno no Google não deixa dúvidas de que se trata do material que irá revolucionar a indústria nos próximos anos, afinal trata-se de um excepcional condutor elétrico, 200 vezes mais resistente do que o aço, muito mais fino do que uma folha de papel e com potencial para atuar em diversos segmentos industriais.
O Brasil dispõe de uma enorme reserva de matérias-primas e vem realizando pesquisas avançadas na área da medição das propriedades fundamentais do grafeno, como as que são realizadas no Inmetro, que abriga um dos mais modernos centros de caracterização de nanomateriais.
“A intenção é padronizar métodos e validar resultados, a fim de garantir que determinada aplicação está a usando o tipo certo de grafeno ou material derivado deste”, comentou Erlon. Segundo ele, o grafeno representa um avanço significativo para a indústria, devido às suas propriedades superlativas e aplicabilidade em inúmeros tipos de produtos tecnológicos trazendo benefícios aos materiais que hoje estão disponibilizados no mercado.
Fonte: Inmetro, Wikipédia